Ontem fez exactamente dois anos que chegámos à Suíça. Foi um dia que me fez pensar em tudo o que tem acontecido, nesta experiência avassaladora que tem sido viver longe da minha família e longe de tudo o que me era familiar e conhecido. É curioso que no final de cada ano não costumo fazer balanços sobre o que aconteceu mas nesta data fiz. Talvez por ser uma data que me tenha marcado e que continua a marcar o nosso percurso.
Muito aconteceu durante estes dois anos. Experiências difíceis que foram sendo ultrapassadas sem se fazerem grandes filmes em volta delas mas que agora, olhando para trás, me provocam algumas sensações difíceis e lembranças dolorosas. Disso é exemplo o falecimento do meu lobito amado, que me acompanhou ao longo de toda a sua vida (10 anos) e que era um anjinho, ternurento e doce. Acredito seriamente que foi o momento mais difícil de toda a minha vida…Mas as experiências negativas não se ficaram por aqui, teve ainda aquela chefe transtornada do cérebro que me fez a vida negra e o acidente do lobo que nos abalou profundamente.
No entanto, os aspectos positivos desta experiência têm sido mais que muitos. As viagens que já fizemos, as cidades que conhecemos, o que já conseguimos concretizar desde que cá chegámos e, a cereja no topo do bolo, é a nossa bebecas que está quase, quase a vir conhecer os papás. Positivo é também o facto desta experiência me ter aproximado muito do lobo. Como estamos sem a família por perto vivemos praticamente um para o outro, conhecemo-nos profundamente, apoiamo-nos e tem sido uma agradável surpresa todos os momentos que passámos juntos. Sei que posso contar com ele para tudo e confio verdadeiramente a minha vida nas suas mãos.
De uma forma geral acredito profundamente que emigrar é das coisas mais difíceis que podem acontecer a uma pessoa. O termo “saudade” ganha uma nova dimensão (no meu caso passou de uma palavra teórica a uma sensação muito física, que dói profundamente). Tenho pena que o meu país de origem não me permita viver lá, não me permita ter um trabalho minimamente decente depois de todo o investimento financeiro e de tempo que fiz para realizar um curso superior. Tenho muita pena de olhar para o meu país e, apesar dos cerca de 2.000 quilómetros que nos separam, conseguir ver a corrupção e injustiça que por lá vai. Os políticos enojam-me. As suas decisões enojam-me. A forma como o país trata os pobres e idosos enoja-me. A forma como o país trata os animais enoja-me. E, por isso, e muito mais não me vejo a regressar definitivamente ao meu país…
E por aqui as paisagens continuam assim...frias mas muito lindas!!!!
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